30 de dezembro de 2013

LARIZATI

                                            

           Este conto foi inspirado pelo Dr. José Rady Cuéllar Urizar, a muita honra meu querido e saudoso irmão,  o melhor médico clínico que a cidade já teve, e que uma única vez me contou o início desta obra que pretendia publicar, porém, em sua memória, e dedicado a ele, seja onde for que  se encontre, o faço agora com muito carinho e saudade, pela rede da Internet.

         Ninguém sabe ao certo de onde veio Larizati, que numa pequena nave surgiu proveniente de longíqua galáxia ou mesmo da própria Via Láctea, nossa Galáxia.

          Por vários anos terrestres ele observou os homens, sua forma de ser e de viver, até que finalmente chegou o dia de acabar seu trabalho no planeta azul, a Terra,e voltar para o lugar de onde veio.

         Sua nave penetrou em alta velocidade a atmosfera terrestre, e larizati foi descendo rapidamente em direção à superfície do planeta, até que sua nave parou no ar e pulou numa alva nuvem que estava ao lado, e com ela  o ET desceu  na extensa  noite do pólo,  conhecido pelos humanos como Pólo Norte.

          Larizati  tinha o dom de saber os pensamentos presentes e passados de uma pessoa, de igual maneira via as imagens  anteriores ou presentes da mesma. Foi assim que descobriu que estava no meio do Ártico na noite polar que dura 6 meses. Enquanto fazia esta leitura do pensamento de um esquimó, viu 6 renas que puxavam no ar um trenó com o velhinho mais conhecido do mundo, o Papai Noel, vinha ele sentado no trenó carregando um enorme saco vermelho, cheio de brinquedos, para as crianças da Lapónia.

           Mas o que mais lhe chamou a atenção foram as luzes brilhantes da Aurora Boreal, que lá se movimentam no ar como se fossem vivas pinturas.

         Mas o frio estava causticante, e Larizati, que comandava sua nave, estacionada nas alturas, como que por controle remoto,   se movimentou para a Ásia, lá visitando o Japão, a  china e os coreanos, sentiu profundamente o pensamento dos mongóis, dos indianos, em fim, dos Asiáticos em geral, cuja grande maioria é de  Budistas, e trazem consigo uma cultura milenar.

         Dos árabes aprendeu muita coisa, especialmente a paciência e uma cultura muito especial e antiquíssima.

           No Oriente Médio, onde chegou instantaneamente, primeiro em Telavive, depois em Belém e o Mar da Galileia, o Rio Jordam e por fim em Jerusalén, entre outros, visitou por onde Jesus-Cristo,  nasceu, cresceu, andou,  foi morto,  e subiu  aos céus ao terceiro dia.

             Foi de veras uma visita muito emocionante, por que nada é invenção, nada é difuso , tudo é certo, e lá permanece para quem quiser ver.

               Entretanto, nada mais havia que ver lá, e, assim, Larizati, num piscar de olhos, estava do outro lado do Mediterrâneo. Viu a Praça São Pedro cheia de fiéis do mundo todo,  ouvindo as palavras do Papa Francisco, que hoje é o mais legítimo sucessor de Cristo. Andou mais um pouco em Roma, quando viu o ex-primeiro Ministro e então Senador Berlusconi, pelas barbaridades que cometeu, ser  expulso do Senado italiano.

               Que cidade complicada-, pensou Larizati, só não é pior pelos lindos  monumentos de história e de arte  que ornam sua ruas.

            Um segundo, se tanto, e Larizati já estava ao pé da estátua da Liberdade, bem enfrente a Manhatan,  a ilha mais rica do planeta onde visitou um dos locais mais sombrios da história, o buraco onde um dia existiram as torres gêmeas. Esse foi um ato brutal que o homem engendrou e matou mais de 5000 pessoas de uma só vez.

            Não há, na realidade, o que se duvidar, esta é a ilha mais rica do planeta, a capital financeira do mundo.

            Não podia deixar de visitar o Continente africano, a começar pelo Marrocos a NW e o Egito, na outra ponta; com sua a belíssima capital, a cidade do Cairo, --lotada com as mulheres misteriosas de preto,  só à vista os olhos aparecendo por trás das famosas burkas--, em cujos  arredores situa-se o planalto  de Gizé, onde foram construídas, há mais de 5000 anos, as três maravilhosas pirâmides e a famosa Esfinge de Gizé. Estes monumentos da antiguidade fazem parte das sete maravilhas do planeta.

             No extremo Sul do Continente ainda conheceu a Terra de  Nelson Mandela, o líder que é um exemplo de humildade e fraternidade para o mundo.

             Ainda conheceu várias e belas cidades e se encantou com Cape Town, onde de um salto só subiu a Table Mountain, e pode ter  uma esplendorosa visão do Porto, voltando depois  à bela cidade onde o Dr. Christian Barnard fez o primeiro transplante de coração de humanos.

          No Cabo da Boa Esperança viu que nos tempos das galeras, estas se movimentavam porque suas velas eram empurradas pelos ventos do Atlântico e do Índico.

             Naquele promontório sentiu um vento tão forte que nada resistia, além de um pequeno mirante construído na época das grandes navegações e  dos expertos babuínos que rondavam os turistas em busca de coisas brilhantes e para tomar e fugir por trás dos galhos das árvores os sorvetes roubados.

          Larizati subiu de novo na sua nuvem e  no mesmo instante estava sobre as geladas montanhas da Cordilheira dos Andes. Visitou o Machu Picchu no Peru, a cidade de pedra, construída no alto de uma montanha, de onde o império incaico espalhou parte do seu domínio.

          Ainda sobrevoou o belo Lago Titicaca, entre o Perú e a Bolívia, e depois visitou o Salar de Uyuni, local de uma beleza inenarrável, onde há um hotel inteiramente construído com tijolos de sal. Larizati voou por cima da bela montanha chamada Illimani, um portento de beleza, e foi conhecer um pouco da Patagônia argentina. Foi até o limite do Continente e a Antártida, e ao ver uma interminável planície resolveu conhecer O Brasil, e assim foi, voou até o Rio de Janeiro, onde também chegou num piscar de olhos. Do alto do Cristo Redentor viu uma cidade bonita e cheia de muita beleza natural.

            Na mesma hora já estava na Cinelândia, e, ao ver tanta gente pobre nas ruas, sentiu-se muito triste, decidiu, então, tomar a forma humana, com vestimentas muito simplórias, para não ostentar nenhum tipo de riqueza e nem chamar a atenção dos terráqueos, na verdade queria passear pela cidade sem ser notado. E assim foi, tornado-se humano, por algum tempo a pobreza e a fome doeram menos, e subiu no primeiro ônibus que passou pela sua frente, era Castelo,  assim, viajou por mais de uma hora sem destino, ao contrário, conheceu , entre outros, os municípios  de cascadura, Cavalcante  e o Meier. Em Cascadura  lembrou do Dr. Fernando Julio Sheg e família, amigos de um amigo que Larizati conheceu no Rio,  e que lá moravam, há muito tempo, vindos da Bolívia.

             Depois voltou no mesmo ônibus e, colado à janela, viu como é difícil a vida daquele que não tem  sequer um centavo no fundo do bolso.

        Mas era necessário dar um pulo pela baixada Fluminense, lá além de conhecer o homem como centro e principio de todo o planeta, por certo, conheceria a vida daqueles menos aquinhoados pela sorte. Foi assim que conheceu Austin, Pavuna e Nova-Iguaçú, entre outros.

             Mas...como passa rápido o tempo neste planeta, pensou- e já estava na hora de voltar ao centro, afinal a bela Cidade Maravilhosa o esperava.

           E assim foi, Larizati voltou ao Rio desembarcando  perto da Av. Rio Branco,  pegou uma condução para a Urca, e depois subiu ao Pão de Açucar,  lá, do alto,  ficou olhando à cidade Maravilhosa, tudo muito lindo, no fundo da bahia aparecia a Ponte Rio-Niteroi, e o aeroporto Santos Dumont.

          Como era fim de ano, havia uma movimentação anormal na cidade, mas tudo contribuía para torná-la mais bonita,  cheia de luz e vida. Em contrapartida, nos morros que estão próximos à cidade, a mudança de ano foi saudada com tiros de R-15 em direção ao alto.

           Já havia visto o necessário para ter uma idéia do Rio de Janeiro, assim, naquele mesmo instante estava já na Praça da República, em São Paulo. Andou de ônibus, trem e metrô, conheceu a Av. Paulista, O Masp, O Ibirapuera, o Memorial da América Latina, o Pq Villa Lobos, o Zoológico e o município do Embú das Artes, entre outros, tantos foram os lugares por onde andou.

             Larizati ficou sabendo que São Paulo é o coração financeiro do Brasil, e que é, sem dúvida alguma, uma das maiores metrópoles do mundo. Aqui hoje vivem em torno de vinte milhões de pessoas  num verdadeiro mosaico de etnias.

            Há o caso Lalau a ser relatado. O fato aconteceu na construção do Fórum  da Justiça do Trabalho de São Paulo, onde um ex-Juíz sumiu para Miami com alguns milhões de dólares. Lá o Juiz dava uma de "boy" com carros conversíveis pela Miami Beach. Em pouco tempo perdeu a maioria desses bens e, agora, velhinho, vive em prisão domiciliar. Há caso do INSS e a Georgina, que relataremos em outra obra junto a vários outros casos.

            Enfim, com certeza para conhecer tudo que esta maravilhosa cidade oferece, seriam precisos meses e meses de visitas e passeios, o que na realidade não estava previsto.

       Foi assim que, na velocidade do pensamento, chegou ao Eixo Monumental em Brasília. Conheceu a área comercial, o belo lago Paranoá, a Rodoviária,  o Conjunto Gilberto Salomão, as mansões do contorno, inclusive a Casa da Dinda, residência do ex-presidente Fernando Collor de Melo.

         Depois na rapidez de um raio, visitou a Catedral, projeto de Oscar Niemayer, e a esplanada dos Ministérios, bem como o Itamarati e o prédio que abriga o STJ. Lá, no STJ soube que mais de uma dezena de mensaleiros foram para a Cadeia da Papuda.

             Bem, antes de partir, Larizati deixou escrito numa placa:

          " A felicidade terrena não existe. Você pode enganar uma ou mil vezes, mas jamais escapará do julgamento final. Cuide para não ir de cabeça para o inferno onde não haverá  volta e sim  ranger de dentes e choro. Seja sempre honesto com você mesmo, se interesse mais pelo anima Mundi".
Uma luz branca-azulada clareou o céu e depois se afastou até sumir.



HUGOALBERTO CUÉLLAR URIZAR
( Dr. JOSÉ RADY CUÉLLAR URIZAR)
É Cineasta, Jornalista e escritor, é diretor técnico
da Produtora Sudameris em Osasco-SP


sudamerisosasco@hotmail.com