29 de junho de 2011

A SOMBRA DOS LEVIATÃS

Conhecemos  Antonio Roberto Espinosa há um bom tempo, mas a imagem mais agradável que ficou em nossa memória foi aquela em que o víamos labutando pelas  madrugadas  na sede do jornal “Primeira Hora”, então localizado na Avenida dos Autonomistas.
Afeto a  uma boa e proveitosa conversa, sua participação na história da imprensa osasquense mostrou-se altamente positiva --inclusive participou com eloquente depoimento em curta metragem sobre a história da cidade, produzido pela Sudameris Filmes--, consolidando, sobretudo, seu elevado padrão de conduta jornalística, verdadeiro paradigma de uma linha editorial que se desprendia dos limites naturalmente impostos a uma imprensa restrita a municípios menores, limítrofes à capital paulista onde atua com  força a grande imprensa.
O crescimento e o desenvolvimento das cidades da Grande São Paulo, impulsionaram formas e meios de se produzir um jornalismo com melhor qualidade e que,  se embora ainda não é como sonhamos, alcançou bons níveis de  qualidade e profissionalismo.
O tempo passou e Espinosa, que nunca deixou de participar em assuntos de responsabilidade em Osasco, reapareceu na coordenação do Projeto Osasco 50 Anos do prefeito Emidio de Souza.
Qual não foi a nossa satisfação em saber que defenderia sua tese de doutoramento na área de teoria política internacional, na USP, com o estudo “ A Sombra dos Leviatãs”, onde aborda de forma crítica  as controversas faces  do Estado diante do processo de globalização e uma visão ainda mais ampliada sobre as guerras que  respingam pelos continentes neste  século XXI.
A defesa da Tese  aconteceu no dia 27 p.p. no Salão Nobre da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, sob a coordenação do professor-doutor Leonel Itaussu Almeida Mello e foi coroada de completo êxito.
Parabéns ao nosso colega jornalista, professor-doutor Antonio Roberto Espinosa!

21 de junho de 2011

QUESTÃO DE CULTURA

Uma das viagens mais importantes da minha vida foi aquela que, junto com  dois colegas jornalistas, cheguei até a remotíssima e longínqua Katmandu, a capital do antigo reino do Nepal,  num vale entre os flancos do teto do mundo, a Cordilheira do Himalaia.
Evidentemente que essa experiência era para mim algo  irreal, pois  chegávamos  a uma cidade quase totalmente  escura e com apenas um voo por dia para Nova Delhi, na Índia.
Na realidade voltávamos alguns bons séculos no tempo, e nas ruas estreitas dessa cidade víamos  o que há de mais  rudimentar com  uma arquitetura inspirada no hinduísmo e no budismo;  um mundo estranho e misterioso, com ruas e palácios enfeitados com enormes estátuas  de  leões, geralmente ameaçadores,  grosseiros.
Uma viagem de pouco mais de uma hora de carro, beirando imensos campos de  mostarda, nos levaria até Bhaktapur, uma cidade ainda mais antiga e que até a unificação do Nepal  fazia parte de um reinado independente, mas que até hoje ainda se mantém por completo medieval, e  foi ali onde sem nenhum cenário maior ,  Bernardo Bertolucci filmou “ O pequeno Buda”.
Em Bhaktapur nos assombramos com os hábitos do povo. Às margens de um rio que atravessa boa parte da cidade, encontramos os locais de cremação dos mortos, sempre cheia de corpos ardendo,  uma imagem dantesca que choca fortemente. Pouco adiante, as casas do silêncio, pequenas casinhas com uma porta que parece cela de prisão, lá são deixados os doentes considerados irrecuperáveis, ficam à mingua até morrer, para  depois serem cremados.
Tudo isso vimos, e respeitamos, afinal  trata-se da expressão de uma cultura, são os  costumes e as crenças de uma sociedade, e por mais que não as aceitemos, temos que respeitá-las.
Sem tanto contraste, aqui mesmo temos muitas diferenças políticas, religiosas, e socioeconômicas, entre tantas outras, mas todas deveriam ser sempre respeitadas, o que não significa aceitar e nem  aderir.
O casamento Comunitário que sempre é feito em maio pela Prefeitura de Osasco, através de uma  iniciativa do ex-vereador Dr. Faisal Cury, realizou o sonho de muitos que não podiam se casar por falta de meios financeiros, outros por diversos impeditivos, mas que com a ajuda da Prefeitura,  através do Fundo Social de Solidariedade,  transformaram  seus sonhos em realidade.
E,  assim, 460 casais este ano realizaram com muita alegria sua união, e ainda receberam dos padrinhos, o Prefeito Emidio de Souza e a Primeira-dama, um grande Show de presente  com a apresentação da dupla Jean e Giovani.
Mas em todo esse clima de alegria e simplicidade, uma equipe de TV da Grande mídia destoava grosseiramente, e levou ao ar, em sentido claramente desrespeitoso, um programa humorístico onde fazia chacota dos casais que ali estavam consolidando uma sonhada união!
Nós poderíamos criticar o que vimos la no Nepal, uma questão de índole e  porque, sobretudo,  há que se respeitar às pessoas, sua vontade, porém,  infelizmente o pessoal que faz humorismo às custas das pessoas mais humildes, não sabem  que são eles mesmos os maiores  palhaços!      


15 de junho de 2011

THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO

São Paulo, 1898, um incêndio devora as instalações do Teatro São José, e a cidade que crescia de forma avassaladora com o “boom” do café, de repente se viu desprotegida  e sem o seu maior centro de cultura.

Mas o espírito paulista da época, orgulhoso da pujança desta grande cidade, não poderia ficar aquém dos grandes centros culturais da Europa ao longo do século e, de imediato, efervesceu em manifestações que clamavam pela construção de um novo espaço cultural à altura das companhias estrangeiras.

Foi assim que o arquiteto Ramos de Azevedo e os italianos Cláudio e Domiziano Rossi  que iniciaram, em 1903,  as obras de construção desse suntuoso edifício que, em 1911, precisamente em 12 de setembro, seria solenemente inaugurado  diante de mais de  vinte mil pessoas.

Foi a partir desse momento que a grande metrópole, São Paulo, voltava a figurar no roteiro dos grandes espetáculos mundiais, e do mundo inteiro vieram ao seu palco grandes nomes das óperas, do canto e da dança, afora grandes peças de teatro que repetidamente engalanaram suas instalações.

Domingo passado,  após boas reformas,  foi reinaugurado novamente e com a pompa merecida e com grandes óperas apresentadas pelas vesperais que  foram dedicadas  ao tão ilustre acontecimento, pois o famoso Theatro é, ao longo dos seu cem anos,   indubitavelmente um dos maiores  patrimônios culturais, não só dos paulistas e paulistanos, como do Brasil.

Através de uma exposição permanente no Museu encontramos, para nós e para toda a posteridade,  boa parte da  história artística e social do Theatro, com informações preciosas sobre sua arquitetura e construção e sobre  a enorme e brilhante sequencia de grandes apresentações e eventos.

O acervo ainda guarda importante material sobre a biblioteca, o espetacular arquivo fotográfico , e documentos que nos reportam a  espetáculos audiovisuais e muito material publicado ao longo de todo o século.

O Theatro Municipal de São Paulo já emprestou seu palco para memoráveis apresentações como o de Maria Callas, de Enrico Caruso, o famoso Arturo Toscanini, Arthur Rubinstein, Ana Pawlova, Nureyev, Baryshnikov, Ella Fitzgerald, Duke Ellington, entre tantos outros grandes nomes.

             Atualmente o Theatro Municipal de São Paulo possui diversos  Corpos Artísticos, entre eles: A Orquestra Sinfônica Municipal, o Coral Lírico, o Coral Paulistano, e o Balé da Cidade, além do Quarteto de Cordas e a Escola Municipal de Música e de bailado.

6 de junho de 2011

HISTÓRIAS DAS HISTÓRIAS

           A biografia dos grandes homens e mulheres que escreveram suas histórias sempre foram motivo de inspiração, e quando transladados ao celuloide, mostraram a saga, o talento e a vontade estóica de personalidades que entusiasmaram e ainda empolgam gerações.
Não se pode, no entanto, dizer o mesmo de alguns dos nossos políticos, cujas histórias começam a ser escritas com  a rudeza com que conduziram  suas ações  políticas.
Evidentemente que há obras, como a de Denise Paraná, Lula o filho do Brasil, plena de emoção e de relatos que constroem uma história oral ímpar.
Mas se a história de Lula, o retirante de Garanhuns, Pe., que viveu uma vida humilde e pobre no ABC, até chegar, depois de intensa militância política e ser um dos fundadores do PT, ao maior cargo público do país, emociona e se valoriza através de relatos próprios, o filme produzido já não soube transmitir todo essa epopeia de luta, daquele que hoje é considerado o maior presidente que o Brasil já teve, e que, provavelmente voltará ao cargo em breve.
Nos últimos tempos outros nomes importantes da política brasileira como o de Antonio Carlos Magalhães, o ACM, não recebeu o mesmo tratamento pelos seus biógrafos e historiadores, e em Memórias das Trevas, João Carlos Teixeira Gomes, num grosso volume de quase oitocentas páginas, faz uma verdadeira devassa na vida de ACM.
Sem misericórdia Teixeira Gomes, estraçalha a vida de Antonio Carlos Magalhães, apresenta argumentos e fatos, e afirma que ele nunca foi o “ Leão da Bahia e que não passaria do feitor de um estado que vive nas trevas, sob o domínio do medo e da intimidação”, e continua, “João Carlos  Teixeira Gomes, o Joca,  desarmado até os dentes, só não partiu para um duelo,  ao cair da tarde, com o dono da Bahia”.
Não devemos deixar de mencionar aqui outra obra não menos importantes, esta de  Cláudio Humberto, íntimo colaborador do então presidente e hoje senador Fernando Collor de Mello. Em mil dias de solidão, o relato patético da queda de um homem que levantou o Brasil por trás da chama de uma esperança poucas vezes sentida.
Claudio Humberto faz um relato minucioso dos tempos duros do impeachment, e os dias duros de  reclusão na Casa da Dinda.
Na realidade a história de Collor é muito forte, e transfere para o leitor também o impacto causado pelo desarranjo familiar, as picuinhas do poder, as mazelas que se escondem atrás de inúmeros gabinetes.
Em Osasco lembramos do ex-presidente Collor quando  encheu de  gente por completo o largo de Osasco e inflamou todo mundo com um discurso jovem, de força e vivacidade.
Para quem gosta destas biografias surpreendentes, surge agora uma obra muito forte, incisiva e cortante do jornalista Palmério  Dória sobre a vida de e a história do  ex-presidente, José Sarney.

A editora Geração Editorial balançou o mercado editorial com esta obra polêmica e ousada, de inesperadas revelações e de onde o Senador Sarney não sai incólume nem um pouquinho, ao contrário, mostra uma face soturna, dúbia e que infunde terror. A obra já provocou confrontos no Maranhão, o latifúndio da família Sarney.

1 de junho de 2011

TEMPOS DIFÍCEIS

O desenvolvimento tecnológico e científico dos tempos atuais avança numa  velocidade assustadora, a ponto de o que hoje há de mais atual, como processadores de computador de última geração, em pouquíssimo tempo  são   superados por uma geração mais nova e de funções ainda mais impensáveis. A nanotecnologia simplesmente é incrível.
            Na transição da segunda metade do século XIX  até o XX e consequentemente até nossos dias, os avanços científicos têm sido  progressivamente muito  velozes, mal nos acostumamos a usar um determinado equipamento e já surgem outros mais revolucionários, exemplo disso encontramos na renovação dos softwares, onde  o ritmo é  alucinante.
            Diante de toda essa corrida tecnológica, o que pode acontecer com  o ser humano, quais  as alterações básicas do seu comportamento, de sua maneira de interagir com seus semelhantes,  quais os reflexos em seus padrões biológicos, e mais ainda, em sua psique?
            Chegamos a um estágio, por sinal muito pouco observado, em que o homem produz máquinas e equipamentos diversos para automatizar as ações do
próprio homem, de maneira que cada vez o homem se torna mais sedentário ainda, e nas grandes cidades  resolve as coisas pelo telefone, pelo celular, pelo computador e pela internet.
            Estamos de certa forma nos transformando também em máquinas de carne e osso, vivemos apertando botões repetitivamente.
Atualmente é cada vez mais  difícil  encontrar quem possa fazer trabalhos que dependam puramente da força de trabalho humano, a exemplo dos serviços domésticos, de  limpeza e faxina numa casa, serviços para cortar  grama e podar árvores, levantar e rebocar um muro, pintar uma parede, e por aí em  diante.
Hoje, como consequência da automação em escala,  esses profissionais começaram a desaparecer, e os que ainda permanecem no mercado, estão cada vez mais raros, pois é muito  mais cômodo, mais rentável e melhor, trabalhar na frente de uma máquina que comanda outras robotizadas ou, pela  internet, penetrar num mundo   cheio de inúmeras  possibilidades de negócios globalizados.
Nesse diapasão, tudo começa a girar num cut off grade cada vez mais seletivo; ou se acompanha a evolução ou vamos ficando aliados de uma realidade, absurdamente brutal e menos humanista.
Não que o progresso e o desenvolvimento científico sejam prejudiciais, ao contrário, o homem os cria e investe neles justamente para melhorar  sua vida, como de fato acontece, mas produz, em paralelo,  essa outra vertente, muito eletrônica, eletroeletrônica, informática, nada mais se faz de forma mais humana, por isso os parques estão lotados de gente que faz corrida, que faz caminhada, quase ninguém mais trabalha com as pernas, exceto os atletas, os músculos vão definhando ou se tornando flácidos, as pessoas se tornam obesas pelo consumo de  lanches, e alimentos prontos que dependem apenas de um micro-ondas.
Contra toda essa rotina é preciso que se tome consciência de que o corpo também precisa trabalhar, se movimentar para que possamos desfrutar de uma vida mais saudável.