21 de junho de 2011

QUESTÃO DE CULTURA

Uma das viagens mais importantes da minha vida foi aquela que, junto com  dois colegas jornalistas, cheguei até a remotíssima e longínqua Katmandu, a capital do antigo reino do Nepal,  num vale entre os flancos do teto do mundo, a Cordilheira do Himalaia.
Evidentemente que essa experiência era para mim algo  irreal, pois  chegávamos  a uma cidade quase totalmente  escura e com apenas um voo por dia para Nova Delhi, na Índia.
Na realidade voltávamos alguns bons séculos no tempo, e nas ruas estreitas dessa cidade víamos  o que há de mais  rudimentar com  uma arquitetura inspirada no hinduísmo e no budismo;  um mundo estranho e misterioso, com ruas e palácios enfeitados com enormes estátuas  de  leões, geralmente ameaçadores,  grosseiros.
Uma viagem de pouco mais de uma hora de carro, beirando imensos campos de  mostarda, nos levaria até Bhaktapur, uma cidade ainda mais antiga e que até a unificação do Nepal  fazia parte de um reinado independente, mas que até hoje ainda se mantém por completo medieval, e  foi ali onde sem nenhum cenário maior ,  Bernardo Bertolucci filmou “ O pequeno Buda”.
Em Bhaktapur nos assombramos com os hábitos do povo. Às margens de um rio que atravessa boa parte da cidade, encontramos os locais de cremação dos mortos, sempre cheia de corpos ardendo,  uma imagem dantesca que choca fortemente. Pouco adiante, as casas do silêncio, pequenas casinhas com uma porta que parece cela de prisão, lá são deixados os doentes considerados irrecuperáveis, ficam à mingua até morrer, para  depois serem cremados.
Tudo isso vimos, e respeitamos, afinal  trata-se da expressão de uma cultura, são os  costumes e as crenças de uma sociedade, e por mais que não as aceitemos, temos que respeitá-las.
Sem tanto contraste, aqui mesmo temos muitas diferenças políticas, religiosas, e socioeconômicas, entre tantas outras, mas todas deveriam ser sempre respeitadas, o que não significa aceitar e nem  aderir.
O casamento Comunitário que sempre é feito em maio pela Prefeitura de Osasco, através de uma  iniciativa do ex-vereador Dr. Faisal Cury, realizou o sonho de muitos que não podiam se casar por falta de meios financeiros, outros por diversos impeditivos, mas que com a ajuda da Prefeitura,  através do Fundo Social de Solidariedade,  transformaram  seus sonhos em realidade.
E,  assim, 460 casais este ano realizaram com muita alegria sua união, e ainda receberam dos padrinhos, o Prefeito Emidio de Souza e a Primeira-dama, um grande Show de presente  com a apresentação da dupla Jean e Giovani.
Mas em todo esse clima de alegria e simplicidade, uma equipe de TV da Grande mídia destoava grosseiramente, e levou ao ar, em sentido claramente desrespeitoso, um programa humorístico onde fazia chacota dos casais que ali estavam consolidando uma sonhada união!
Nós poderíamos criticar o que vimos la no Nepal, uma questão de índole e  porque, sobretudo,  há que se respeitar às pessoas, sua vontade, porém,  infelizmente o pessoal que faz humorismo às custas das pessoas mais humildes, não sabem  que são eles mesmos os maiores  palhaços!      


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